O enigma humano

O enigma humano

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A humanidade se estrutura, desde tempos imemoriais, na tensão entre tipos distintos de indivíduos: os iluminados, os inteligentes, os maus e os espertos. Essa classificação, embora simplificadora, ajuda a pensar a complexa dinâmica social e espiritual que move a história. Cada uma dessas categorias encerra virtudes e perigos, forças criadoras e germes de destruição.
Os iluminados são aqueles que parecem tocar uma dimensão além do humano. Movidos por uma espécie de claridade espiritual, sua existência aponta para a transcendência. São portadores de paz, sabedoria e bondade desinteressada. No entanto, podem ser marginalizados ou hostilizados, pois sua presença expõe as trevas alheias. A história mostra que profetas e santos, apesar de sua luz, frequentemente pagaram com perseguição, exílio ou martírio. O risco do iluminado é a incompreensão do mundo e, às vezes, a própria solidão.
Os inteligentes carregam a potência da razão crítica, da invenção e do raciocínio. São essenciais para o avanço científico, filosófico e político. Contudo, a inteligência, quando desligada da ética, pode se tornar ferramenta de manipulação, de arrogância ou de dominação. A Escritura já adverte: “a ciência incha, mas o amor edifica” (1Cor 8,1). Assim, a inteligência sem coração pode ser tão perigosa quanto a ignorância.
Os maus representam a deformação da liberdade humana. Movidos pela inveja, pelo ódio ou pela sede de poder, cultivam uma energia corrosiva que contamina os espaços sociais. O mal, no entanto, raramente se apresenta nu; costuma disfarçar-se de virtude ou de aparente justiça. Aqui habita o pesadelo: a capacidade de destruir, com uma palavra ou ação calculada, aquilo que levou anos para ser construído. O risco é que o mal, quando normalizado, se torna estrutural — “o mistério da iniquidade já está em ação” (2Ts 2,7).
Os espertos, por fim, ocupam um lugar ambíguo. Sabem se mover com astúcia, leem os códigos sociais e encontram atalhos. Sua esperteza pode ser útil para a sobrevivência em contextos adversos, mas também pode degenerar em oportunismo e trapaça. No campo religioso, Jesus advertiu: “Sede simples como as pombas e prudentes como as serpentes” (Mt 10,16). A esperteza, portanto, deve ser equilibrada pela pureza, para que não se converta em cinismo.
O drama humano emerge justamente da contaminação mútua entre essas figuras. O iluminado, ao se deixar contaminar pelo orgulho, pode cair na vaidade espiritual. O inteligente, ao servir ao mal, torna-se engenheiro da perversidade. O mau, ao usar a esperteza, amplia seu poder de destruição. E o esperto, quando encontra espaço no vazio ético da sociedade, corrói silenciosamente as relações de confiança.
Assim, o pesadelo não é a existência de diferentes tipos de pessoas, mas o cruzamento desvirtuado de suas forças. A promessa da fé — e também o horizonte de uma ética humanista — é que a luz, mesmo pequena, resiste às trevas e não é vencida por elas.
Deus, Rei do universo, Senhor dos exércitos, capacita os iluminados, para testemunho Dele, destarte, quando tivermos a oportunidade de convivermos com um escolhido, não tentemos desviá-lo do caminho ou impedir a sua trajetória missionária, pois, poderemos pagar caro por isto, até com o salário do pecado, que é a morte, vinda do “andar de cima” – Deus os premia com a sabedoria – mesmo sendo anônimos, sem cultura, sem formação, pobres e excluídos. Portanto, assim, parece que é e para sempre será!

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Luiz Fernando Alfredo
Outubro/2025.

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