O título da matéria não poderia ser mais clichê. Mas mostra exatamente como é a dona Teresinha Sério Reis, hoje com 97 anos de idade.
E não para de falar. Sobre artes, pintura, e as aulas profissionalizantes que deu em Varginha há muitas décadas.
Mesmo na cama de hospital montada na casa dela, Dona Teresinha ainda quer dar aula.
O ímpeto vem de sempre. Quando jovem, dava aulas nas escolas de Varginha.
“Queria ensinar as mulheres que elas não precisavam ficar debaixo das asas do marido, elas podiam aprender uma profissão, ser costureiras, datilógrafa, a gente ensinava muitas opções para elas”.
Isso era na década de 1950!
De lá pra cá, dona Teresinha formou muitas gerações. Seja no corte e costura, no crochê e, principalmente, na pintura.
Ela é fundadora da Escola de Artes Santa Terezinha, que formou inúmeras gerações de artistas.
A arte está no sangue dela. E na casa.
Nos azulejos do banheiro (lindinhos, cheios de detalhes).
Nos quadros espalhados pela casa.
E até nos arranjos dos guarda-roupas. Tudo feito por ela.
E, principalmente, na conversa com a pintora. Ela não para de lembrar das participações na Bienal de São Paulo, em Salões em BH, Rio de Janeiro. E até no exterior. Foi para a Europa pelo menos 3 vezes mostrar a arte da varginhense que não para de falar… sobre pintura e a importância da mulher ter um espaço melhor na sociedade.
Enquanto comia um pão sírio com homus tahine, feitO com maestria pela nora da dona Teresinha, fiquei mais de hora escutando histórias de Dona Teresinha.
No começo deste testo eu falei que o título é clichê, “Uma mulher à frente do seu tempo”.
Mas ilustrou direitinho a história da Dona Teresinha. Uma mulher que não sossega. Que sempre procurou ensinar outras mulheres. Não para ser apenas artistas. Mas, sobretudo, para ser independentes.
Olha que quadro lindo. Lembra Portinari!