Há uns bons 15 anos eu fui até o quartel dos bombeiros fazer uma matéria. A ideia era passar um plantão inteiro e relatar os casos atendidos.
Primeiro me mostraram como funciona o sistema de escalas, como é a formação no pátio, explicaram o que significa cada chamada de emergência.
Dependendo do caso, uma equipe já sai automaticamente e a outra fica de sobreaviso para reforçar este caso ou atender outro.
Os militares acabam se tornando uma família, em que cada membro precisa ter o máximo de confiança no outro.
Vi casos simples, um rapaz que quebrou a perna em uma quadra no Santa Luiza (o ferimento foi feio, fratura exposta).
Ou um outro caso, em que uma pessoa com distúrbio mental estava em cima de uma árvore e foi resgatada, depois de muita conversa (e paciência) dos bombeiros.
Pois bem. Antes de sair para atender as ocorrências, os bombeiros me ofereceram a boia da noite (eles mesmos que fizeram): uma bela panela de vaca atolada (músculo com mandioca).
Eu morrendo de vontade de fome, entrei na fila. Alguns bombeiros já estavam sentados, jantando.
De repente toda a sirene.
Ninguém pensou duas vezes. Na mesma hora abandonaram os pratos (com aquela carne macia e a mandioca quase desmanchando) e correram para atender a ocorrência.
O gordinho aqui foi junto, meio puto porque não tinha experimentado o prato.
Mas aí eu percebi como que categorias que atuam em áreas como segurança e saúde pública devem receber um tratamento mínimo e digno para que possam trabalhar.
Esta semana foram inaugurados o novo centro de convivência e refeitório dos bombeiros da 1ª Companhia Operacional do 9º Batalhão de Bombeiros de Minas Gerais. Cerimônia presidida pelo comandante coronel Edirlei Viana da Silva (6º Comando Operacional) e pelo tenente-coronel Rodrigo Paiva de Castro. O vice-prefeito Leonardo Ciacci representou o prefeito Vérdi e agradeceu a corporação pela parceria e serviço prestado em prol da segurança da população de Varginha.
Sexta-feira será inaugurada a piscina própria dos bombeiros de Varginha. Não se trata de uma opção de lazer, mas de trabalho e muito treinamento.
Parabéns à corporação pelo trabalho desenvolvido, pelos comandantes, pelo poder público que participa mesmo que indiretamente para aperfeiçoar a estrutura oferecida aos militares.
É o único caso em que pago imposto com gosto.
