TRÊS PONTAS | INSS descontou contribuição de aposentada para entidade de pesca

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A aposentada Vânia Aparecida Pereira Vallim tem 68 anos. A vida toda acordou antes das 5h para trabalhar na padaria junto com a família. Depois de 4 décadas de trabalho direto, de segunda a segunda, Vânia conseguiu se aposentar.

Ela levou um susto quando descobriu que, durante 18 meses, o INSS descontou de sua aposentadoria valores que chegaram a R$ 37,95 por mês. O rombo, só no caso dela, foi no valor de R$ 638,40. Imagina em milhões de aposentados…

Os descontos começaram em outubro de 2023. Foi uma cobrança no valor de R$ 33,00.

 

Já no mês seguinte, a cobrança indevida pulou para R$ 35,30.

 

 

E assim continuou durante 15 meses. Até janeiro deste ano, quando a “contribuição” sofreu novo aumento e passou para R$ 37,95.

 

 

Vigiar o governo

“A gente contribui a vida toda, corretamente, e acredita que o governo também vai agir de forma correta com o trabalhador. Mas não. No Brasil nós precisamos fiscalizar tudo que o governo faz, para evitar que ele nos roube de novo. Ele já o faz, por meio de impostos que não retornam da forma adequada para a população. E, na hora de devolver o dinheiro que foi depositado durante toda a vida do trabalhador, ainda desviam parte dos recursos”.

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Sindicato do peixe desconta de padeira

No caso da Vânia, os descontos sem autorização iam para uma tal CBPA (Confederação Brasileira da Pesca e Aquicultura).

O leitor já deve estar rindo: a profissão dela não tem absolutamente nenhuma relação com pesca.

Vânia nunca pescou na vida. Pra falar a verdade, nem gosta de peixe. Entende mesmo é de pão. Mesmo assim foi lesada por um sindicato que desconhece.

O site da tal confederação é bonito, colorido, com muitas fotos produzidas.

 

 

Na primeira aba, já trata da “Contribuição Confederativa”, herança do fascismo de Mussolini.

 

Chapéu alheio

 

Na página da “CBPA” surge a mensagem: “É uma organização que representa os interesses dos pescadores artesanais no Brasil. Temos o objetivo de defender os direitos desses trabalhadores e promover melhores condições de trabalho e de vida para suas famílias.”.

Só que, pelo jeito, usam dinheiro furtado de trabalhadores de outros setores para defender o direito sabe-se lá de quem.

Antes do rombo

A aposentada de Três Pontas, Vânia descobriu o rombo em sua aposentadoria em março deste ano, antes do escândalo do INSS estourar por todo o país.

Seu sobrinho, advogado, a orientou a requerer no INSS a relação com todos os descontos feitos em sua aposentadoria. Deu seis páginas.

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Ela levou a documentação ao Procon, que intermediou o pedido de ressarcimento direto à CBPA.

A aposentada deu sorte. Conseguiu receber cerca de R$ 1.100,00.

Mas outros aposentados de sua cidade, Três Pontas, resolveram ingressar com ação contra o INSS. Cada um pede R$ 10 mil, já acrescentados danos morais.

“Eu deveria ter recebido pelo menos R$ 1.276,80, né?”, reclama, com razão. “Mas tudo bem, pelo menos abre o olho de algumas outras pessoas que estão sendo lesadas”.

Como (tentar) receber?

O Ministério da Previdência garante que vai devolver os recursos desviados na próxima folha de maio.

Mas o ressarcimento valerá apenas para os valores descontados no mês de abril.

Uma forma é fazer como a aposentada de Três Pontas. Pedir para o Procon intermediar a negociação direto com a instituição que recebeu indevidamente o recurso do trabalhador. Nesse caso, fale diretamente no INSS ou envie e-mail para [email protected] explicando a situação e pedindo ressarcimento.

A outra maneira de tentar receber é ingressar judicialmente. Leva um certo tempo (anos, provavelmente), mas há a possibilidade, quase líquida e certa, de receber o valor acrescido de juros e alguma compensação financeira pelo transtorno causado pela instituição e, acredita-se, INSS.

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