Médicos da Fundação Hospitalar São Sebastião de Três Corações entraram em greve. O motivo: a falta de pagamento. Segundo os grevistas, eles estão sem receber há 60 dias.
Especialistas como anestesistas, ortopedistas, cardiologistas, nefrologistas, pediatras e cirurgiões gerais não estão consultando. O hospital está atendendo apenas urgências e emergências no pronto-socorro.
A falta de pagamento vem de divergências entre a administração da cidade e do hospital sobre o valor do repasse municipal. De acordo com o diretor da Fundação, Vanderlei Toledo, uma auditoria descobriu um déficit de R$ 400 mil por mês no hospital.
Ainda segundo o diretor, o valor do repasse atual, pouco mais de R$ 988 mil, não estava sendo suficiente para quitar as dívidas mensais da fundação. Para regularizar as contas entre o hospital e o município seria necessário mais de R$ 1,3 milhão.
De acordo com o advogado do hospital, Wanderley Toledo, a fundação vem tentando renegociar o contrato anual desde dezembro. Ainda segundo o advogado, o hospital não consegue renegociar porque a prefeitura não paga o custo efetivo da operação.
“A vida toda pagou um determinado valor, que era de R$ 770 mil, mas ninguém mediu o custo disso pra saber se era eficiente ou não. Quando eu cheguei aqui, em setembro do ano passado, no primeiro mês nós fechamos no vermelho mais de R$ 400 mil e isso me chamou atenção. Eu fui ver o custo efetivo do contrato e me surpreendi porque o custo efetivo era de mais de R$ 1 milhão na época. Quando chegou em dezembro e fomos renegociar o contrato, nós não conseguimos. A prefeitura quer pagar R$ 998 mil, enquanto o custo da operação é de R$ 1.382.000,00. Não posso reduzir o objeto desse contrato. Reduzir o objeto significa retirar médico, clínica. A população não pode sofrer com isso”, concluiu o advogado.
O prefeito de Três Corações, Nadico Vilela, informou que ainda não recebeu um relatório sobre os custos que o hospital teria a mais do que o valor do repasse.
“Estamos aqui abertos ao diálogo. Entendemos que esse impasse não pode continuar. Até agora, oficialmente, não chegou nada até mim. Assim que chegar nós vamos nos sentar com a equipe de saúde e vamos analisar a nova proposta. A proposta oferecida pelo Conselho Municipal de Saúde nos foi apresentada e nós honramos esse compromisso”, declarou o prefeito.
A pedido do hospital e da prefeitura, o Conselho Municipal de Saúde fez a análise dos gastos do pronto-socorro. O conselho sugere que sejam feitos dois contratos: um para o pronto-atendimento e outro para as UTIs adulto e pediátrica.
O conselho ainda afirma que a comissão não concorda com a assinatura de um contrato até que as duas instituições estejam de acordo com os valores.