Acho que nem em meus sonhos mais loucos eu adivinharia que minha primeira visita ao Cine Rio Branco seria durante uma coletiva de imprensa da qual eu ajudaria a cobrir. Eu sempre acompanhei as notícias sobre o local na internet e fiquei desapontado quando ele foi aberto ao público há alguns anos e eu não pude visitá-lo. Sempre que surgia algum rumor sobre uma reabertura, eu me animava. Na última quinta-feira, eu não apenas tiver o prazer de receber esta notícia de forma oficial, como eu também estava lá para ver e ouvir o prefeito fazer o anúncio. A vida é uma coisa louca, né?
Ao entrar no cinema, a sensação é de ter sido transportado no tempo. Não é sempre que você pode experienciar lugares como esse. Não é difícil imaginar como teria sido incrível esse cinema em seus anos dourados. Como eu queria ter tido o prazer de ver este lugar funcionando.
É um sonho antigo meu que pude realizar semana passada. Meus pais assistiram muitos filmes neste cinema, incluindo os clássicos O Rei Leão e Titanic. Eu estava na barriga da minha mãe quando ela foi ao Cine Rio Branco assistir estes dois últimos. Minha tia conta pra mim que ia todo domingo no cinema. Durante minha visita, minha mãe perguntou se eu pude ver onde ficava a bomboniere. Imagino que eles devem ter muitas boas memórias deste lugar. Foi um privilégio enorme poder ver a cidade da varanda do Cine. Eu sempre quis saber como era a vista lá de cima toda vez que eu passava pela Av. Rio Branco e olhava para o cinema.


Além de fazer vários registros, não apenas para o Blog, mas também para poder lembrar dessa minha visita, eu não pude conter minha curiosidade ao subir no mezanino. As cortinas para a sala da tela estavam abertas e ela chamava pelo meu nome. Eu não sei quando vai ser minha próxima visita, então eu não podia desperdiçar essa chance. Entrei. A sala estava muito escura. A pouca iluminação vinha de buracos no teto. Mesmo assim consegui ver os quadros com vasos de flores que se acendiam, as poltronas, a janela da sala de reprodução e, claro, a tela com suas cortinas. É difícil colocar a sensação em palavras. O lugar é enorme e devia ser incrível em seus dias de glória. Mas também me fez perguntar: como pode um lugar como esse ter ficado abandonado por tanto tempo? Como puderam deixar uma das maiores telas da América Latina ser esquecida assim?
Ser tombado como patrimônio histórico não ajudou o lugar. Só atrapalhou possíveis chances de restaurá-lo e reabri-lo. É uma notícia maravilhosa saber agora, como o Prefeito Vérdi disse, que o Cine Rio Branco é de Varginha. Ainda não sabemos 100% o que será feito do cinema, e por mais que eu amaria que ele voltasse a ser um cinema, só de saber que em breve ele abrirá as portas mais uma vez ao público para que todas possam conhecê-lo, já é algo satisfatório.