A Polícia Civil concluiu nesta sexta-feira (4/3) as investigações da tragédia de Capitólio. Segundo a polícia não houve responsáveis ou culpados pelo desabamento da rocha no Lago de Furnas.
O acidente matou dez pessoas no dia 8 de janeiro. Todas as vítimas estavam em uma única embarcação.
As investigações apontam ainda que não houve ação humana específica no que provocou a queda do paredão. A conclusão é que a ocorrência foi um “evento natural”. A Polícia já pediu o arquivamento do inquérito.
De acordo com o delegado regional de Passos, Marcos Pimenta, a Polícia averiguou eventuais irregularidades, mas elas não estão conexas com o tombamento da placa rochosa. “Se houvesse [conexão], indiciaríamos responsáveis pelos dez homicídios, o que não ficou comprovado”, afirmou.
Medidas
A Polícia Civil indiciou ninguém, mas elaborou dez sugestões que serão encaminhadas aos órgãos e às instituições responsáveis pelo licenciamento e fiscalização da região para a melhoria da segurança em Capitólio. Segundo o perito e geólogo Otávio Guerra, há rochas no local que necessitam de intervenção urgentemente.
As sugestões feitas pela Polícia Civil são:
- Realização de mapeamento de todas as zonas de risco (movimento de massas) por geólogos e/ ou outros profissionais especializados no ramo e sua demarcação em campo e em planta;
- Redução no número de embarcações nos cânions, que deverão apenas contemplar o local, em velocidade baixa e sem uso de aparelho sonoro;
- Implementação do selo de identificação nas embarcações;
- Identificação de todos os turistas que utilizarem embarcações, sendo que o controle/ cadastro deverá ser armazenado/ disponibilizado nos respectivos píeres;
- Uso obrigatório de colete salva-vidas em toda a represa e capacete na região dos cânions e áreas semelhantes;
- Maior integração entre os órgãos/ instituições responsáveis pela concessão e fiscalização de empreendimentos turísticos;
- Proibição de passeios turísticos na região quando houver comunicação de advertência pela Defesa Civil;
- Fortalecimento das fiscalizações de engenharia, geologia e ambiental;
- Exigência de estudo de risco e respectiva contenção para os empreendimentos turísticos;
- Efetiva participação de Furnas e da concessionária Nascentes das Gerais na adoção de medidas preventivas de segurança.
No dia 8 de janeiro, a Defesa Civil de Minas Gerais emitiu um alerta sobre chuvas intensas e a possibilidade de ocorrências de cabeça d’água em Capitólio. O alerta foi feito cerca de duas horas antes do acidente.
De acordo com o delegado Pimenta, era responsabilidade do piloto averiguar as condições climáticas. Ele está entre as vítimas fatais da tragédia.
O Ministério Público analisará o pedido de arquivamento do inquérito, que pode concordar, requisitar novas diligências ou optar por denunciar alguém.