Todos nós, mortais, deveríamos ler e refletir sobre esta passagem bíblica do sábio questionando o trabalho do homem, o suor de seu rosto, a busca de riquezas e, por fim, a insatisfação, sobretudo nos mais ambiciosos. Por que citamos tal trecho? Pelo fato de estarmos permanentemente correndo atrás de interesses próprios, na busca de realizar os desejos, em sua maioria, materiais e, no final, descobrirmos o grande vazio interior, mesmo ao se obter “conquistas” significativas. A filosofia fez muito ao homem, enquanto ensinada nas escolas e lares. Daí a importância de sua volta à grade curricular: dar novo sentido à existência.
No cotidiano estressante, deixamos de lado reflexões que seriam úteis para vivermos mais equilibrados e menos perturbados. O tripé paz interior, paz social e paz ambiental, que norteia o Movimento Internacional pela Paz e Não Violência, deve ser uma constante em nossas vidas.
Ler, questionar e elaborar as questões vitais nos eleva e até reconforta. A grande angústia moderna se origina na falta de introspecção. Sócrates continua mais atual que nunca com “conhece-te a ti mesmo”. O conhecimento e o entendimento de si permitem a maturidade de ações e o aperfeiçoamento do ser. Com isso, pode-se atingir, no silêncio, a paz interior. Ensinamento de grandes mestres da humanidade.
A partir daí se exerce a paz social, que inclui respeito ao próximo, às diferenças de cor, raça, religião, sexo e, acima de tudo, de modo de pensar, já que temos o péssimo hábito de achar que nossa verdade deve prevalecer sobre as demais. Em casa, local mais difícil, buscar exercitar a paciência, a benevolência, a solidariedade, o afeto incondicional (como bem lembrou Francisco de Assis), a gratidão, o altruísmo, a compreensão e a caridade. Levar para o trânsito, trabalho, bairro, rua, enfim ao entorno tais virtudes é ato de paz social. Seguir a justiça, a fé, a piedade, o amor, a perseverança, a mansidão, tão propalados por S. Paulo. Todos podemos ser um facho de luz, em qualquer ambiente, e fazer a diferença.
Enfim, chegamos à paz ambiental, cuja dimensão fica fácil de compreender se estivermos imbuídos dos sentimentos acima. Respeitar a natureza, que nos supre, é imprescindível. Animais, plantas, solos e água devem ser tratados com carinho. É da parceria humano/natureza que se dá a vida sobre o planeta. Tristemente se constata que o homem, em sua ambição, pensa poder reinar só sobre a Terra. Sem os recursos naturais, pereceremos. Então, por que insistirmos em poluir, desperdiçar e degradar nossas águas, nossos solos, dizimar o verde, matar os animais e todos os seres responsáveis pela harmonia e equilíbrio do ecossistema? Com a palavra, o bicho homem.
Paz pela paz.
Obs.: o artigo vem no momento em que o país, tomado pela polarização política, foca numa guerra ideológica inócua, quando o que deveria ser levado em conta é o povo, enquanto nação, suas necessidades mais prementes, com vistas ao desenvolvimento sustentável. Vivenciamos mazelas, como desemprego, fome, violência, descaso com os menos favorecidos, minimizados algum tempo, e agora reverberando mundo afora. O ódio vem sendo disseminado e motivado por aqueles que deveriam planejar e atuar em prol do crescimento com menos desigualdades sociais.
Vanilda Souza Marques
Jornalista e ambientalista
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