Sexta-Feira 13, uma data que para muitas pessoas supersticiosas, é dia de azar. Passar debaixo de escadas, cruzar com gato preto ou topar com alguma oferenda em encruzilhada, nem imaginar.
Um gaiato, aproveitando do medo destas pessoas, resolveu amedrontar os moradores de uma vila famosa nos anos 60. Veja no que deu.
O maior prazer de Sestanagildo era colocar os moradores do bairro em desespero e pânico com suas travessuras nas sextas-feiras 13.
O gaiato tinha por hábito de toda sexta-feira treze, assustar os moradores no começo do bairro, que ficava na parte baixa da cidade.
Colocava objetos iluminados por vela. Com habilidade conseguia fazer com que mamão e melancia ganhassem formato de caveiras. Com velas acesas dentro delas, não tinha ninguém que não se assustasse durante a noite; principalmente numa sexta-feira 13, onde a maioria tinha certo receio da data.
A coisa funcionava tão bem que pouca gente se arriscava a sair de casa a noite. Quando alguém precisasse sair tinha que dar uma grande volta para evitar encontrar com aquelas figuras arrepiantes.
Sua engenhoca dava tão certo, que toda vez que se aproximava a fatídica data, os moradores já se precaviam fazendo as compras antecipadamente para evitar a passagem pelo local. A maioria acreditava que aquilo era coisa do diabo; outros pensavam que era coisa de bruxaria.
Sestanagildo fez isso durante muitos anos. Gostava de ouvir os comentários durante a data e, depois dela. Sentia um enorme prazer em saber que as pessoas borravam de medo.
Certo dia mudou para o bairro, um rapaz chamado Janjão. Mulato com quase dois metros de altura e forte como um touro, oriundo de São Paulo. Todo mundo foi dando conselho ao homem para que ficasse atento quando chegasse à sexta 13. De maneira nenhuma ele acreditava nessas fantasias. Ficou sabendo onde acontecia “a noite de horror”; Janjão então andou bisbilhotando o lugar. Descobriu o que realmente acontecia. Restos de mamão e melancia foram encontrados, e não teve dúvidas. Era coisa de folgado.
Foi só esperar a data. Ela veio, foi no mês de agosto, e, com lua cheia, para dar ainda mais medo nos pacatos e medrosos moradores. Menos para Janjão. Chegou ao local por volta das quatro horas da tarde, se escondeu de forma que ninguém o visse. As horas foram passando lentamente, até ouvir o barulho que vinha do velho portão dos fundos. Foi aí que Janjão descobriu o motivo do pânico.
Sestanagildo, não esperava por aquilo. Tentou de todas as formas se desculpar com o brutamontes. Não teve jeito. Rabo de arraia, pernada, sopapo no pescoço e petelecos por todo corpo, acabou desmaiando em seu local preferido. Somente com a chegada da ambulância do SAMDU com os enfermeiros, que ele ganhou novamente a consciência.
Nunca mais houve sexta-feira 13, para Sestanagildo e a tranquilidade voltou ao bairro.